"Cavaco escuta, o povo está em luta"
Milhares marcaram presença junto ao Palácio de Belém para reafirmarem o seu descontentamento com o rumo do país.
Filipe Caetano | 22-
9-
2012
Oito horas separaram o entoar calmo de «Acordai» e os gritos de revolta de «Demissão» e «Gatunos». Oito horas separaram o início e o fim da reunião do Conselho de Estado no Palácio de Belém, enquanto milhares de pessoas manifestavam a sua indignação no exterior. Depois do milhão de pessoas que saiu à rua a 15 de setembro, nesta sexta-feira à noite terão estado presentes cerca de vinte mil nos jardins da Praça Afonso de Albuquerque, em Lisboa.
Cantou-se «Acordai», mas também «Grândola Vila Morena» (com a presença do ex-capitão de Abril Vasco Lourenço) e o hino nacional, para além de muitas palavras de ordem que serviram para extrapolar o sentimento desta gente, que não se cansa de protestar contra o estado de coisas no país: «Chega, basta de viver à rasca», «Está na hora, está na hora, de o Governo se ir embora», «Gatunos, Gatunos», «As polícias estão cá fora e os ladrões estão lá dentro», «O povo unido jamais será vencido» ou o ainda mais forte: «Cavaco escuta, o povo está em luta».
O protesto só terminou já depois da uma da manhã, altura em que os conselheiros abandonaram o Palácio de Belém uns atrás dos outros nos seus automóveis de luxo. O Presidente preparou a declaração e foi o último a sair do local, mas de uma porta lateral, não vendo um único manifestante.
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Foram oito horas de espera, para muitos ainda mais, e com uma resposta lacónica final por parte do Conselho de Estado. Os manifestantes, porém, prometem continuar a sua luta, mas desta vez a organização fica a cargo da UGT.
Vigília em Belém (photo Filipe Caetano)
Hier, Pris à Concentração: Reunião do Conselho de Estado - Álbum sans titre
Canta-se "Grandola, vila morena" #vigiliaembelem #p3belem
... E as mesmas vozes voltavam a avisar: atenção, os sacrifícios têm um limite.
... E as mesmas vozes voltavam a avisar: atenção, os sacrifícios têm um limite.
Ricardo Araújo Pereira
Hoje, sabemos que estes avisos não tinham razão de ser. De facto, a
realidade demonstra que não há limites para os sacrifícios. O limite da
algibeira dos portugueses é como a linha do horizonte: por mais que nos
aproximemos dele, nunca o atingimos. Passos Coelho e Vítor Gaspar descobriram
que, tal como a terra, também a algibeira dos portugueses é redonda - e serão
ambos apontados como pioneiros quando se fizer a história da astronomia dos
bolsos.
...
Bruno Faria Lopes, publicado em 22 Set 2012
João Ferreira do Amaral deixou claro no início da entrevista que queria
mais do que debater a polémica medida da taxa social única – queria
“falar destes programas de ajustamento da troika”. Cumpriu. O economista
não acredita na correcção violenta e rápida dos desequilíbrios
acumulados pelo país ao longo de anos e critica duramente os
pressupostos técnicos subjacentes aos programas da troika: “Não
funcionam”, são “absurdos”, “um disparate” e “um erro brutal”. Um dos
mais conhecidos eurocépticos do país, Ferreira do Amaral considera que,
mesmo com a margem que acredita existir na Europa para alterar os
programas, a economia portuguesa já não tem tempo para a reestruturação
de que precisa para crescer sem sair da zona euro.
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